domingo, 21 de março de 2010

Liberdade para o cacique Babau

Por LUTA INDÍGENA 16/03/2010 às 21:00

Na madrugada da quarta-feira (10/03), cinco policiais federais, fortemente armados, arrombaram e invadiram a casa de Rosivaldo Ferreira da Silva, o cacique Babau, na comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro. Segundo seus familiares, no momento de sua prisão, Babau foi violentamente agredido e ameaçado de morte, na presença de sua esposa e do filho de 3 anos. Vários móveis da casa foram quebrados. Somente após as agressões os policiais se identificaram, e nenhum mandado de prisão foi apresentado.

A ação da PF aconteceu por volta das 2h40 da manhã, no entanto os agentes só chegaram com Babau à delegacia de Ilhéus entre 6h30 e 7 horas da manhã. Em depoimento, ele disse que antes os policiais pararam para lanchar em um posto e em outro local, onde há caminhões e guinchos desativados, para esperar amanhecer e poderem justificar a ação arbitrária que realizaram.

No momento de sua chegada à Superintendência da Polícia Federal de Salvador, na noite de quarta-feira, Babau recebeu o apoio de amigos, familiares, entidades que lutam pela garantia dos direitos humanos e lideranças indígenas da região.

Manifestação em apoio ao cacique Babau Tupinambá.

Toré em frente à Superintendência da Polícia Federal (Água de Meninos - Comércio) dia 19/03 (sexta-feira) às15h.

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O subsecretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, e o diretor de Defesa dos Direitos Humanos, Fernando Matos, ambos da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), o visitaram na tarde desta sexta-feira (12), e no mesmo dia o Ministério Público Federal deu entrada no pedido de habeas corpus em favor do cacique.

A prisão de Babau, liderança que representa as cerca de 130 famílias que vivem na aldeia da Serra do Padeiro (município de Buerarema, e de Olivença, em Ilhéus) aconteceu em um momento de significativa tensão.

No dia 19/02 houve uma reintegração de posse numa das fazendas ocupadas, porém nao havia nenhuma ordem judicial para tal ação, o "dono" da fazenda chegou acompanhado de 50 homens, entre estes estavam agentes da policia federal da Bahia. Os tupinambá foram expulsos dali a base de ameaças e tiros.

No dia 25/02 os tupinambá, numa sabia extratégia retomaram a fazenda invadida, foram acusados até de assassinos, porém nao existia cadaver algum.

No dia 08/03, houve uma reunião com todos os caciques Tupinambá, da qual apenas Babau não participou. O encontro foi com delegados da PF na sede da Funai em Ilhéus. Segundo informações de lideranças presentes nessa reunião, o assunto tratado foi a criação de mecanismos que procurem formas pacíficas durante os procedimentos de reintegração de posse de áreas ocupadas pelos indígenas.

Essa não foi a primeira agressão sofrida pelos Tupinambá. Em 2008, durante uma tentativa de prender Babau, a Polícia Federal ingressou na aldeia e destruiu a escola da comunidade, além de agredir Babau, seu irmão Jurandir Ferreira e o ancião Marcionilio Guerreiro com tiros de borrachas. Dois dias depois, cerca de 130 agentes voltaram à comunidade, agindo com forte e desproporcioanl aparato policial. Na ocasião, eles destruíram móveis, queimaram roças e feriram dezenas de pessoas.

Ano passado, novas arbitrariedades foram cometidas. Cinco indígenas foram constrangidos e sofreram abusos de poder praticado pela PF, entre eles uma mulher. Durante esta ação ilegal, eles foram agredidos com gás de pimenta e dois deles receberam choques elétricos que deixaram queimaduras nos corpos das vítimas, inclusive em partes íntimas.

4 comentários:

Luis Claudio Galhardi, morador do Jardim Maringá em Londrina Pr disse...

amigo da paz duda, bom dia. a polícia ainda está muito politizada pelos governos de estado, mesmo a federal em alguns casos. acho que você deveria
mandar esta materia também para o sindicato dos policiais federais, eu vou comentar no CONASP e você deveria denunciar na audiência pública que se realizará este mês na bahia.
muita paz
everardo

Duda Quadros disse...

Conto com você Everardo para levar este caso ao conhecimento do CONASP. Precisamos divulgar, discutir, e PRINCIPALMENTE AGIR.
Obrigado
Abraços Fraternos
Duda

Eugênia disse...

Duda, estou vendo de perto esse caso, e é assustador, pois para ficar claro, quem está jugando é um juíz do sul da bahia, que também é proprietário de terra na região, e a influência de outros grandes fazendeiros inclusive políticos estão presentes a todo momento, temos que lutar pela descriminalização dos movimentos socias e pelo respeito aos povos indígenas, que estão em etnocídio no Brasil.

Duda Quadros disse...

Pois é GENA, este é um dos motivos - que inclusive escrevemos em outro momento aqui no Blog quando houve o pedido de prisão do Cacique Marquinhos Xucuru - pelo qual precisamos comunicar todos os acontecimentos. Isto não é pauta na grande mídia. Se faz muito necessário que você e quem mais puder, nos enviem dados, notícias, informações, para divulgarmos, discutirmos e socializarmos esta GUERRA que é feita para desestruturar os movimentos organizados dos Povos Indígenas e de outros seguimentos sociais de extrema importância para o país como Agricultores Familiares, Assentados de Reforma Agrária, Quilombolas.

Exatamente por isso proponho ocuparmos todos os espaços possíveis com essas pautas. Já que a estratégia é criminalizar as lideranças, precisamos mostrar quem é quem neste jogo e aí, minha cara, muitos políticos em ano eleitoral terão que se explicar. Cabe a nós unirmos forças, bradar, agir e construir outras vias de comunicação e informação.
Abraços Fraternos.