terça-feira, 30 de março de 2010

Pontos de Cultura Indígena marcam presença na TEIA 2010 e elaboram propostas

Redes Indígenas.

A importância da implantação de Pontos de Cultura (PCIs) para a valorização das culturas dos povos indígenas foi o principal destaque dos debates do Teia das Ações - Redes Indígenas, no âmbito do Teia Cultural 2010: Tambores Digitais, realizada no Centro Dragão do Mar de Cultura e Arte, em Fortaleza/CE.

O encontro, promovido pela Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID), reuniu vários Pontos de Cultura Indígenas, dentre eles o Vídeo nas Aldeias e os Índios On-line, que fizeram um relato das experiências vivenciadas até o momento, principalmente com o registro, por meio de recursos audiovisuais, de suas expressões culturais.

Para as lideranças indígenas presentes no evento, os cerca de 60 Pontos de Cultura existentes, hoje, parte pelo programa Cultura Viva, parte pelo programa Mais Cultura, têm ajudado a proteger e a divulgar a cultura tradicional de seus povos. A liderança indígena Ashaninka, Moisés da Silva Pinhata, acredita que os Pontos de Cultura vão assegurar a manutenção das crenças e dos conhecimentos tradicionais: “Também podemos, com os documentários, levar o conhecimento de nossa história às pessoas que vivem fora das aldeias”.

No encontro, que contou com a participação de parceiros do Ministério da Cultura, como o Museu do Índio (FUNAI), a Rede Povos da Floresta, a Associação Cultura e Meio Ambiente (ACMA) e o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dentre outros, foram levantadas ainda as dificuldades enfrentadas para a criação dos Pontos de Culturas nas aldeias indígenas. “Enfrentamos problemas de logística, por exemplo, para fazer os computadores chegarem até a floresta. Tivemos que carregá-los nas costas e transportá-los por canoa, que é o único transporte que chega até algumas aldeias”, contou Virgínia Gandres, da Rede Povos da Floresta.

Jaborandy, participante do projeto Índios On-line, que se tornou, em 2004, Ponto de Cultura, e que funciona, atualmente, como uma rede social abrangendo 25 etnias do Brasil, ao relatar sua experiência, declarou que ela tem ajudado não só a valorizar a cultura indígena, mas também a expandir esse conhecimento para outros Pontos de Cultura.

O relato proporcionou o surgimento da principal proposta apresentada no encontro, pelo representante da Rede de Ensino Superior Indígena, Neimar Machado: a criação de um Pontão de Cultura para integrar todos os Pontos de Cultura Indígena e as Redes já existentes.

O secretário da SID, Américo Córdula, presente na reunião, disse que os 30 primeiros Pontos de Cultura Indígena implantados pelo programa Mais Cultura são uma experiência piloto, e que, até o final de 2010, devem ser implantados mais 135 pontos em aldeias e comunidades indígenas de todo o país. “Queremos agregar novos parceiros para sedimentar esse projeto até o final do ano”, afirmou Córdula. Ele lembrou ainda que o Colegiado Setorial para as Culturas Indígenas, do Conselho Nacional de Política Cultural ajudará na criação do Plano Setorial de Cultura Indígena, que delineará as ações para o segmento.
(Heli Espíndola-Comunicação/SID)

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