Vestígios como galhos quebrados e pegadas foram vistos por expedição.
Se confirmada, aldeia ficará a 30 km de usinas de Jirau e Santo Antônio.
Vestígios de povos indígenas isolados foram encontrados no sul da Amazônia, entre os estados do Amazonas e Rondônia, segundo um relatório que está sendo preparado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e que deve ser concluído em breve.
Pegadas e galhos quebrados (que indicam sinalização dentro da floresta)
foram encontrados em outubro por integrantes da Expedição da Frente de
Proteção Etnoambiental do Madeira, que percorre a Terra Indígena
Jacareúba Katauixi, uma área de 4.530 km² (quase três vezes o tamanho da
cidade de São Paulo) nas proximidades do Rio Madeira. Na época, o grupo
também ouviu vozes.
Caso o encontro desta população seja confirmado, a aldeia estará
localizada a 30 km da área onde são construídos os complexos
hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio, em Porto Velho (RO), usinas que
utilizarão as águas do Rio Madeira. A Terra Indígena compreende ainda as
cidades de Humaitá, Lábrea e Canutama, todas no Amazonas.
“A presença de índios isolados nesta região é histórica. Essa
informação consta em nosso banco de dados há pelo menos 20 anos e também
aparece nos estudos feitos pelos empreendedores antes do início da
construção”, disse Carlos Travassos, coordenador geral do Departamento
de índios isolados da Funai.
Posição das hidrelétricas
Segundo Antônio Luiz Abreu Jorge, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da empresa Energia Sustentável do Brasil, responsável pela administração de Jirau, existe um convênio firmado entre a Funai, a companhia e o empreendedor responsável pela usina de Santo Antônio que repassou R$ 12 milhões à Fundação para intensificar os trabalhos com índios e ações emergenciais.
Segundo Antônio Luiz Abreu Jorge, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da empresa Energia Sustentável do Brasil, responsável pela administração de Jirau, existe um convênio firmado entre a Funai, a companhia e o empreendedor responsável pela usina de Santo Antônio que repassou R$ 12 milhões à Fundação para intensificar os trabalhos com índios e ações emergenciais.
“O encontro desta população é resultado deste trabalho e a usina está
bem distante do possível local onde eles devem estar, ou seja, não há
risco da obra impactá-los”, afirma. A usina deve iniciar sua operação
comercial em outubro deste ano.
A assessoria de imprensa da Santo Antônio Energia, concessionária
responsável pela futura operação e comercialização da outra usina,
informou que aguarda um posicionamento oficial da Funai sobre a
existência desse grupo.
Proteção
Para o representante da Funai, a possibilidade da existência de povos indígenas nesta região fez o governo federal criar uma portaria que restringe o uso da área, até que a confirmação fosse feita pela Fundação. Novas expedições serão realizadas por equipes da Funai ao longo de 2012.
Para o representante da Funai, a possibilidade da existência de povos indígenas nesta região fez o governo federal criar uma portaria que restringe o uso da área, até que a confirmação fosse feita pela Fundação. Novas expedições serão realizadas por equipes da Funai ao longo de 2012.
“A partir da comprovação, vamos tomar medidas cautelares. Um novo
desenho será realizado para demarcar a terra. Eles precisam de um
território intacto, com água limpa. Não pode ter gente por lá, porque
isso afeta a condição física dessas pessoas”, complementa.
“Mantemos a localização exata sob sigilo, pois sabemos da presença de
especuladores de terra, de exploradores ilegais do meio ambiente e a
divulgação de onde exatamente eles (índios isolados) estão pode
colocá-los em risco”, disse Travassos. Imagens dos vestígios não foram
divulgadas para proteção da aldeia.
Ele afirma que a existência da tribo aumentaria a fiscalização sobre as
obras das usinas hidrelétricas no Rio Madeira. “O regimento (de
fiscalização) terá de ser mais atencioso sobre as questão dos impactos
ambientais”, disse.
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