sábado, 4 de setembro de 2010

Encontro da Diversidade Cultural Brasileira – a Independência da Cultura

Começou hoje (4) na Fundição Progresso, no Rio, o Encontro da Diversidade Cultural Brasileira – a Independência da Cultura que promoverá, até segunda-feira (6), a convivência entre cerca de 1.500 representantes de grupos socioculturais de todo o país.
Segundo o secretário de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Américo Córdula, o primeiro objetivo do encontro é “permitir que segmentos da diversidade cultural possam se encontrar e trocar suas experiências”. Ele destacou que esses segmentos sempre foram tratados de maneira separada, seja por meio de editais públicos ou de seminários de políticas públicas.
O ministério resolveu, a partir de agora, discutir temas afeitos a essas áreas e colocá-los todos juntos. “Até porque, dentro da diversidade, existe também o preconceito de um segmento com outro. E isso acaba não sendo resolvido. O encontro tem como protagonismo a diversidade cultural”.
O evento pretende mostrar, numa grande metrópole como o Rio de Janeiro, qual é o recorte dessa diversidade cultural nacional, que mescla grupos de pessoas com deficiência, indígenas, ciganos, representantes da cultura popular, grupos ligados a homossexuais, povos de terreiro. “Todos juntos numa grande festa, numa grande celebração”. São esses grupos socioculturais os responsáveis pelos três espetáculos que serão apresentados à população carioca durante o evento que, fugindo à lógica tradicional, não terá artistas de renome no palco.
Paralelamente, serão debatidos temas como o preconceito, a questão da espiritualidade e religiosidade, a transmissão de saberes, comunicação, diversidade de educação e de cultura, questão de gênero, entre outros. Durante o evento, será realizada ainda a 1ª Reunião Técnica da Diversidade do Mercosul Cultural.
Um dos grupos culturais que vão mostrar a sua arte no encontro é a Companhia Gira Dança, de Natal (RN), integrada por pessoas com e sem deficiência. “Para nós, é bastante importante [participar do encontro] não apenas pela dimensão e pelo número de participantes, mas pela oportunidade que a gente tem de expandir a arte. Porque a gente leva essa questão nossa, da deficiência, da diversidade em si. É muito bom, porque a gente acaba conhecendo pessoas das mais diversas etnias. Isso nos enriquece a cada dia”, disse Daniel Silva, cadeirante.
Outro membro da Companhia Gira Dança, Anderson Leão, afirmou que essa é uma oportunidade de levar informações às pessoas que não conhecem trabalhos com deficientes. Leão acrescentou que a companhia mostra que existem possibilidades para os deficientes, que podem apresentar trabalhos artísticos de qualidade.
Segundo ele, isso ajuda, de certa forma, a promover a acessibilidade no país na área da cultura. “Para que haja mais teatros adaptados ao público e aos artistas com deficiência. Porque um artista deficiente chega muitas vezes ao teatro e não tem um camarim adaptado, não tem banheiro adaptado. Não tem nem como entrar no teatro. Então, acho que essa é uma forma de ampliar os horizontes”.
Com roteiro da diretora Karen Acioly, a primeira noite de espetáculos do Encontro da Diversidade será aberta com uma “chegança diversa”, da qual farão parte grupos culturais de vários pontos do país, entre eles o Clarins de Olinda (PE), Bloco Ilu Obá de Min (SP), Bloco Afro Treme Terra (RJ), Bumba Meu Boi de Maracanã (MA), Fandango Grupo Mandicuera (PR) e Samba de Roda (BA).
Manuel Salustiano (filho de Mestre Salú), o Manuelzinho Salú, não escondia a felicidade de ser o autor do Estandarte da Diversidade, símbolo do encontro. A bandeira foi construída por Salú e sua equipe, da oficina de bordados e adereços do Ponto de Cultura Associação de Maracatus de Baque Solto (PE), que se revezaram 24 horas durante o tempo recorde de 34 dias para concluir a obra. “Uma bandeira normal tem medição de 1,40 metro a 2 metros e a gente fazer um estandarte desse com 10 metros por 6,28 de largura é um desafio. Tinha momentos em que eu estava bordando e achava que não ia conseguir fazer. Para mim, foi uma realização”.
Da Agência Brasil

O Blog entende que todas estas atividades e encontros são válidos, porém ainda não vislumbramos isso de forma transformadora nas comunidades indígenas onde atuamos. Como jovens indígenas produtores culturais poderão assessar ao Fundo de Cultura se as formas de estarem inseridos nos editais e nas possibilidades de recursos ainda exige a presença de "atravessadores" que fazem disso mercado? Onde estão sendo -  não apenas sonhados, planejados e formulados - mas divulgados e ensinados à este público os conhecimentos necessários a estarem realmente inseridos nesta política pública, já que estes possuem tantas barreiras e dificuldades na comunicação, na formação qualificada e, quase sempre seus projetos são intercambiados por pessoas externas ao seu mundo?
Educação e comunicação pela construção da AUTONOMIA dos POVOS, fora isso, continuará sendo manipulação, por mais boa intenção que se tenha.




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