Pelo menos 14 rodovias foram interditadas durante as manifestações, sendo que na Marechal Rondon, no interior de São Paulo, os indígenas liberaram a praça do pedágio. Também houve a interdição de avenidas em capitais, como Recife e Porto Alegre. Em outras cidades, foram realizados atos de diálogo com a população, como em Porto Velho. Além de algumas passeatas, foram feitas as ocupações da prefeitura de Irauçu (SC) e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. E, de Norte a Sul, embaixo de sol forte ou de temporal intenso, muitos rituais foram realizados contra a PEC 215.
Em Brasília, além de uma caminhada pela Esplanada dos Ministérios, 250 indígenas dividiram-se em quatro grupos para participarem de atividades na Câmara dos Deputados, no Supremo Tribunal Federal (STF) e de reuniões com três ministros - das relações Institucionais, da Advocacia Geral da União (AGU) e da Saúde. Ou seja, estiveram presentes nos Três Poderes da União.
Importante ressaltar que em vários estados os protestos contaram com o apoio de quilombolas, catadores, comunidades tradicionais, movimentos sociais, ambientalistas e artistas. Em São Paulo, foi realizado o Mbaraeté - Resistência: Festival Povos da Terra 2015 que, além e promover debates com lideranças indígenas e indigenistas, contou com a participação de músicos famosos (leia abaixo um resumo das manifestações em todo o Brasil).
Aprovada por uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados no último dia 27 de outubro, a PEC 215 pode ser colocada em votação no plenário a qualquer momento - mesmo depois de quase cinco anos de resistências do movimento indígena e de juristas reconhecidos afirmarem que ela é inconstitucional.
Chamada pelos povos de PEC da Morte ou PEC do Genocídio, se aprovada, ela transferirá do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de demarcar terra indígena e titular território quilombola. Os indígenas avaliam que se ela for aprovada nunca mais haverá o reconhecimento e a demarcação de suas terras tradicionais.
Além disso essa PEC ainda determina que somente os povos que estavam na posse das terras reivindicadas como indígenas no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal (CF) – o que tem sido definido como marco temporal – teriam direito a elas. Esta determinação penalizaria duplamente todos os povos que foram esbulhados de suas terras e, por isso, não estavam vivendo nelas no dia da promulgação da CF.
“Essa PEC deixa a gente muito preocupado porque ruralista não quer demarcação das nossas terras. E hoje a gente vive confinado em reservas, na beira de estrada. Pra gente será mais morte, suicídio e miséria. Ninguém vive assim. Então seguiremos tentando voltar pra nossos tekoha – lugar onde se é – e a violência só vai aumentar mais”, diz Anastácio Peralta Guarani e Kaiowá.
Resumo dos protestos no Dia Nacional de Mobilização Contra a PEC 215 – 11/11/2015
PERNAMBUCO - Uma ampla articulação entre organizações indígenas, indigenistas e movimentos sociais de Pernambuco realizou um ato público com o bloqueio da avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias da capital Recife, contra a PEC 215 e em defesa dos direitos territoriais dos povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e do meio ambiente. A mobilização teve panfletagem, música e diálogo com a população. Participaram representantes dos povos indígenas do estado, quilombolas, sem terras, comunidades tradicionais, organizações dos movimentos sociais e coletivos urbanos. Indígenas Fulni-ô bloquearam ainda a BR-423, na altura do município de Águas Belas, no Sertão, durante cerca de quatro horas. Lá, eles fizeram rituais contra a PEC 215 e dançaram o Toré.
Mais detalhes no site: http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8476&action=read
FONTE: CIMI http://cimi.org.br/site/pt-br/
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