sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Encontro dos Povos Guarani

Ministros do Brasil e Paraguai prometem apoio à reivindicação dos indígenas “Diversidade Cultural é patrimônio e não problema”. A afirmação foi feita na manhã desta sexta-feira, 5 de fevereiro, na aldeia Tekoha Añetete, município de Diamante D’Oeste, Paraná, pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, durante o Encontro dos Povos Guarani da América do Sul (Aty Guasu Ñande Reko Resakã Yvy Rupa).

O ministro da Cultura falou sobre a formação do povo brasileiro que, segundo ele, recebeu várias influências e assimilou a características de vários povos como o português, o africano, o indígena, o coreano, e o libanês, dentre outros. “As diferenças existem e o povo brasileiro é resultado das assimilações das características de todos esses povos. E o papel do Ministério da Cultura é o de promover esse protagonismo”, ressaltou ele.

“O protagonismo está no fato de que cada um assimila o que quer, seja o celular, a câmera fotográfica. A troca de culturas acontece quando há essa permissão, quando é a vontade deles, o que lhes é oferecido e aceito segundo suas necessidades”, explicou Juca Ferreira.

O ministro da Cultura do Brasil dançou com os grupos indígenas que se apresentaram e se emocionou ao receber, juntamente com o ministro do Paraguai, Tício Escobar, das lideranças indígenas do Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina, o documento final elaborado pelos próprios guarani e resultado dos dois dias de debates realizado entre os 800 indígenas presentes no evento. Um dos pontos do documento exige a garantia, dos quatro governos, de punição contra a discriminação, preconceito e violência praticadas contra o povo Guarani.

O Encontro dos Povos Guarani da América do Sul foi organizado e protagonizado pelas lideranças indígenas dos quatro países. “Essa é uma das características mais importantes desse evento. Nós demos o apoio para a realização, mas foram eles que fizeram tudo, desde a definição dos temas a ser discutido, a condução das mesas de debate, o cerimonial. Enfim, o sucesso do Encontro é deles e para eles”, lembrou o secretário da Identidade e Diversidade Cultural do MinC, Américo Córdula.

Na aldeia de Tekoha Añetete, as festividades continuam na parte da tarde com uma apresentação do Coral Infantil Guarani e outras atividades. No início da noite, os Guarani Ñanderu farão uma cerimônia ritual para encerrar o Encontro. Depois do jantar, os 800 indígenas presentes participam de manifestações culturais e religiosas livres.

Reivindicações
Entre as principais decisões tomadas pelos Guarani no Encontro, que começou no dia 03 e termina hoje, estão a criação da Comissão de Coordenação Permanente do Povo Guarani do Brasil, Argentina, Paraguai e da Bolívia, instituída durante o evento. Essa Comissão participará, diretamente, do processo de efetivação da Secretaria Especial Guarani no âmbito do Mercosul Cultural, que tratará da implementação dos direitos e interesses do povo guarani.

Além da criação da Secretaria Especial Guarani, com 20 representantes dos indígenas, sendo 6 do Brasil, 6 do Paraguai, 4 da Argentina e 4 da Bolívia, os guarani reivindicam ainda, no documento final, a criação de um foro permanente de discussão em defesa dos direitos dos Guarani, no âmbito do Mercosul Cultural; e a realização de atividades que promovam o intercâmbio cultural entre as diversas comunidades Guarani da América do Sul.

Os Guarani querem também a garantia, e o respeito, a partir de mudanças das leis de fronteira, do livre trânsito cultural, de acordo com as tradições dos povos indígenas, nas fronteiras entre Brasil, Argentina Paraguai e Bolívia; e a garantia de infraestrutura, por meio de apoio dos governos e iniciativas privadas, para a realização de seminários e encontros dos guarani dos quatro países da América do Sul, especialmente para a participação das delegações dos Guarani na Reunião sobre Mudanças Climáticas que será realizada na Bolívia em abril de 2010.

Além dos ministros da Cultura do Brasil e do Paraguai, que foram recebidos pelos indígenas com a dança de boas vindas Joroky, estavam presentes à mesa da cerimônia de entrega do documento, Américo Córdula, secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Minc, Nelton Friedrich, diretor de Coordenação da Itaipu Binacional, Angel Vea representante do governo Paraguaio para Assuntos Indígenas, Vera Mussi Augusto, secretária de Cultura do Paraná, Arilza Nazareth de Almeida, diretora do Museu do Índio, representando a FUNAI, José Carlos Abreu, da Coordenação dos Assuntos Indígenas do governo do Paraná, e Lida Acuña, diretora do Instituto Indígena do Paraguai (Indi).

Representando os indígenas, estavam presentes as lideranças Mario Tupã, anfitrião do Encontro e cacique da Aldeia Tekoha Añetete, Pedro Mancoelho, do Paraguai, Silvino Moreira Kavai Mirim, da Argentina, e Saturnino Cueler Kavarai, da Bolívia.

(Heli Espíndola- Comunicação/SID)

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